Rotatek Espanha

Entrevista

Antonio Dalama Lorenzo

GRAPHPRINT JUNHO 16

Fábio Sabbag

Antonio Dalama Lorenzo, diretor geral da Rotatek, é o entrevistado da vez desta edição. Bom de prosa e sempre disposto a compartilhar seu conhecimento, Lorenzo mostra um pouco mais da sua visão sobre o mercado gráfico e defende que o conhecimento sempre foi exigido, pois é o mínimo que o cliente espera do fornecedor.

Para o diretor geral da Rotatek o serviço de fornecer equipamentos de impressão demanda conhe­cer a aplicação e os produtos que serão produzidos. “O setor gráfico, como tudo, está em constante renovação, pedindo para quem é do ramo, e gosta do setor, que se renove também. É vida que se­gue”, observa o executivo.

Com longa experiência no setor gráfico ele aponta para boas perspectivas de negócios desde que a empresa esteja preparada para atender demandas inéditas. Para o nosso entrevistado, a Drupa é um gerador de “metadados”. “É ir à ‘Meca’ do setor. Lá está quase tudo reunido, permitindo-nos uma fotografia do momento e que futuro isso nos propiciará”, adianta.

Leia agora a opinião de Lorenzo sobre os mais diversos temas que cercam nosso ambiente e impri­ma suas próprias conclusões.

GRAPHPRINT: A Rotatek Brasil foi criada em 1985 com foco na produção de equipamentos nacionais que possi­bilitam soluções personalizadas. Quais foram as grandes dificuldades enfrentadas pela empresa nessa trajetória?

Lorenzo: A Rotatek Brasil foi criada por iniciativa de Erich Herbolzheimer, fundador da Rotatek na Espanha. Nesse mo­mento vivíamos o boom do formulário contínuo no Brasil e, também, no mundo todo, coincidindo com a popularização da informática, barateamento e diminuição dos computadores. Contudo, os equipamentos tinham pouca memória e, normal­mente não estavam em rede, exceto em grandes organiza­ções que possuíam os chamados “mainframe computer”, ou “Big Iron”, equipamentos que ocupavam muito espaço em relação à informação que guardavam.

A pouca memória dos computadores da época gerava um con­sumo enorme de papel, formulário contínuo, o que seria hoje o papel cortado, porém com o objetivo um pouco diferente.

Voltando à pergunta, as dificuldades eram várias: importação difícil e burocrática e demorava muito para obter uma guia de importação, dificuldade no financiamento externo, pois havia uma resolução do Bacen que obrigava contrair financiamento externo mesmo que a empresa tivesse recursos para pagar à vista, para evitar saída de divisas. Com tudo isso havia um aspecto muito importante: eram poucos fabricantes de for­mulário em um mercado em franco crescimento. Foi assim que demos início à produção local para viabilizar negócios.

GRAPHPRINT: Ser uma empresa genuinamente brasileira resulta em ponto positivo?

Lorenzo: O ponto positivo foi a ousadia de fabricar localmen­te impressoras rotativas.

GRAPHPRINT: Como Rotatek está posicionada no    desen­volvimento de impressoras? Há parcerias?

Lorenzo: No Brasil não se consegue fabricar equipamentos gráficos de grande porte sem ter um pé na Europa ou nos Estados Unidos. Temos várias parcerias que nos possibilitam manter os produtos atualizados.

GRAPHPRINT: Como você enxerga o atual momento do setor gráfico e como a Rotatek está desenhada para atu­ar, por exemplo, daqui a cinco anos?

Lorenzo: O setor gráfico está se adaptando aos novos mode­los de negócios que a realidade atual lhe impõe.

Imagina um empresário gráfico tradicional, desde sempre acostumado a comprar os insumos e os consumíveis nos di­versos fornecedores que estão no mercado, com a sensação de poder comprar onde lhe parece melhor. Aí vem o choque: migrar para um novo desenho de negócio que não domina a tecnologia e, ainda por cima, tem que comprar todos os con­sumíveis de um único fornecedor, que domina o seu negócio mais que ele próprio. O choque é grande e contrasta forte­mente com o que ele sempre fez. Alguns entendem, se adap­tam e até tiram proveito.

GRAPHPRINT: Nesta sua longa trajetória dentro do setor gráfico, quais foram os períodos que mais exigiram co­nhecimento técnico?

Lorenzo: Conhecimento sempre foi exigido, pois é o mínimo que o cliente espera do fornecedor. Fornecer equipamentos de impressão, de grande porte, demanda conhecer a aplica­ção e os produtos que o equipamento produzirá. No mercado gráfico brasileiro o cliente espera do fornecedor desde a viabilização do financiamento até orientação do fluxo de trabalho mais adequado.

GRAPHPRINT: Você enxerga a miríade de mídias existen­te atualmente de forma favorável, levando em considera­ção a demanda por impressos?

Lorenzo: A analogia é interessante, contudo, no setor gráfico os números superlativos escondem perigos dissimulados que podem proporcionar perdas. É preciso estar preparado para fazer frente a grandes demandas. Estrategicamente é acon­selhável a capilaridade.

GRAPHPRINT: Você defende que sempre existirão novos caminhos e alternativas. Os empresários devem detectar tendências, buscar o novo, e o que seja melhor para seu cliente. Poderia exemplificar essas tendências e cami­nhos? Você acredita que há nichos ainda inexplorados na indústria gráfica?

Lorenzo: Quando falamos em novos caminhos é no sentido figurado. O novo sempre existirá, mesmo que seja mais do mesmo, podemos mudar forma ou conteúdo para trazer âni­mo ao negócio com realidade. Às vezes mudar a apresenta­

“No Brasil não se consegue fabricar equipamentos gráficos de grande porte sem ter um pé na Europa ou nos Estados Unidos. Temos várias parcerias que nos possibilitam manter os produtos atualizados.”

GRAPHPRINT: A impressão digital veio para contribuir para o fortalecimento do setor? Acredita que a impres­são digital vai competir com o offset também nas gran­des tiragens também?

Lorenzo: É questão de tempo, como foi com o offset em rela­ção à tipografia. Os processos são aperfeiçoados e vão subs­tituindo os modelos antigos. Exatamente como na filosofia, as correntes do pensamento estão sempre buscando o ideal.

A impressão digital, principalmente o inkjet, está imprimindo em diversos substratos, com alta resolução e, alguns fabri­cantes, com velocidade igual ao offset.

O grande apelo da impressão digital é poder ir do arquivo digital praticamente direto ao substrato, evitando perda de qualidade nas passagens que são necessárias em outros processos.

GRAPHPRINT: Qual a inovação que mais assusta o fabri­cante de impressoras atualmente e qual tecnologia tem o poder de animar o desenvolvedor de impressoras?

Lorenzo: Como fabricante de bens de capital, neste caso im­pressoras, não se pode assustar com a inovação. O fabricante tem que inovar também.

Quando não se pode inovar desenvolvendo tecnologia que exige investimentos, muitas vezes maiores do que os valores que a empresa pode fazer frente, temos que inovar no com­plemento dessas tecnologias. Dificilmente o desenvolvedor abarca produção própria no início, meio e fim do equipamento.

GRAPHPRINT: Como a Rotatek acompanhou as grandes tendências de mercado? Houve investimentos recentes?

Lorenzo: A Rotatek Brasil sempre acompanhou as grandes tendências, seja no aspecto tecnológico ou no aspecto da gestão. Inovamos algumas vezes adaptando processos para otimizar a produção gráfica, trazendo assim economia e agili­dade para nossos clientes.

Atualmente, levando em conta o mercado gráfico e a eco­nomia lenta no Brasil, nosso investimento foi no sentido de adequar os diversos departamentos da empresa à realidade atual. Isso implica o projeto, a industrialização, a usinagem terceirizada, evitando a verticalização para diminuir custos fixos, controle de processo para melhorar o pós-venda e, também, na comercialização, cujos custos subiram muito, por conta do preço de passagens e diárias.

GRAPHPRINT: Você acredita que o mercado consumidor de artes gráficas aguarda propostas e serviços inova­dores de seus fornecedores? Nesse sentido, como fica a responsabilidade do fabricante de máquinas?

Lorenzo: A proposta inovadora faz parte do imaginário dos agentes do mercado; é isso que move os negócios. E, por in­crível que possa parecer, sempre é possível inovar, como já disse; pode ser na forma ou no conteúdo.

GRAPHPRINT: Os softwares inseridos nos equipamentos da Rotatek estão em sinergia absoluta com os hardwares? De uma forma geral, os produtos da Rotatek têm plataformas abertas em busca da automação?

Lorenzo: Nesse aspecto sempre fomos inovadores, por con­ta de boas soluções que conferem características únicas às nossas máquinas, tanto em programas aplicados na automa­ção como em dispositivos que facilitam a aplicação a que se destina o equipamento.

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